Belém - PA | 1962
31. Uma velha e distinta senhora
22,5 x 30,1 cm | Serigrafia aquarelada à mão
De seu esplendor passado, Belém do Pará (que lindo nome!) conserva uma graça antiquada que nos encanta. Como uma grande dama que, malgrado os reveses da fortuna, houvesse sabido envelhecer com toda a dignidade.
O acolhimento afável de suas amplas avenidas, sob a abóboda majestosa das velhas e gigantescas mangueiras de folhagem lanceolada interceptando os raios de um sol tórrido, o encantamento de seus grandes jardins públicos, um tanto descuidados, é verdade, com seus coretos e colunatas postiças pintadas em tons do mais delicado azul celeste, o velho trem de Bragança, de vagões amarelo e vermelho desbotado, e que se vai aos solavancos ao longo da avenida, puxado por uma locomotiva de silhueta antiquada, fazendo tremer à sua passagem os bangalôs saídos, nos parece, diretamente das ilustrações dos romances de Júlio Verne, o mercado São Braz, misto curioso de mercado persa e de Grand Palais, tudo nos delicia.

