Curitiba - PR | 1958
11. O bebedouro
22,2 x 31,1 cm | Litografia aquarelada à mão
Quando eu vim morar em Curitiba, ainda havia três ou quatro bebedouros municipais. Um deles desapareceu há poucos anos, vítima do progresso e dos caminhões pesados. Quanto tempo resistirão os outros?
Em torno daquele que anima a Praça da Ordem acontece, o dia todo, um incessante vai e vem. Das ruas que desembocam na pequena praça provinciana surgem as leves carrocinhas dos leiteiros, dos padeiros, dos “caroceiros”¹, ao trote apressado de seus cavalos.
De manhã, também é o encontro dos fazendeiros das proximidades que vêm vender suas frutas e legumes na cidade. Os animais atrelados avançam sossegadamente como convém aos animais do campo. As camponesas, de descendência polonesa ou italiana, escondem pudicamente suas pernas sob uma coberta ou sob um velho saco.
Por volta das dez horas da manhã, faz-se fila no bebedouro. Os animais lamentam abandonar esse lugar de delícias com o qual sonharão até o dia seguinte.
Na esquina da praça, uma bancada de bananas douradas para nos lembrar que estamos, apesar de tudo, nos trópicos.
1. Paul Garfunkel busca registrar o modo de falar dos imigrantes poloneses e
ucranianos, que pronunciavam apenas um dos “erres” de palavras como “carroça”.

