Paranaguá - PR | 1958
13. Esperando a maré
23,0 x 30,5 cm | Litografia aquarelada à mão
Eles chegam ao alvorecer ou pela manhã, segundo a hora da maré, remando com suas canoas ao fio do Nhundiaquara. Ao lado do mercado, eles descarregam alguns cachos de banana prata, de carne branca e acidulada, bananas da terra, que se fritam com açúcar e canela, bananas d’ouro, pequenas e perfumadas, de gosto tão delicado onde encontramos lembranças de maçã, de pêssego e de groselha. Eles descarregam também peixes prateados, às vezes algumas cerâmicas rústicas, feixes de lenha, peles mal curtidas.
As mulheres que, para virem à cidade, colocaram seu vestido mais brilhante, vão às compras: fios, agulhas, rolos de tecido, um saco de sal, uma enxada para o pequeno jardim. Os homens, agachados, conversam na beira do cais, falam sobre sua pesca, evocam as histórias de caça à onça ou à jaguatirica, amplificadas e embelezadas pelo tempo que passou.
A maré baixa deixou os barcos em um leito de lodo escuro e malcheiroso. Na hora em que a subida das águas os acordarem, os caiçaras embarcarão sossegadamente rumo às suas choupanas de barro e de bambu, indiferentes aos mísseis e aos satélites artificiais.

