Fortaleza - CE | 1962
29. Brasil dos poetas
23,7 x 30,7 cm | Serigrafia aquarelada à mão
Fortaleza sob os ventos alísios. Areias brancas, coqueiros descabelados, luz indizível cuja presença transfigura tudo, até os tristes mocambos!
Não é de espantar que os cearenses sejam todos poetas, nesta terra de ar límpido, onde as moças são tão belas com seus grandes olhos amendoados. Todas as moças do Norte do Brasil são bonitas! Poucas são vistas, infelizmente, na feira de pássaros das manhãs de domingo no jardim público debruçado sobre o mar, ao lado da velha fortaleza com torres de forte de brinquedo...
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Do alto da torre de São Francisco, joia do estilo barroco, a vista se perde no infinito da planície do Paraíba e de seus canaviais.
Um garoto de uns doze anos me havia aberto a porta da igreja e serviu-me de cicerone. Logo me confessou que ele também era poeta; a ele eram encomendados versos para todos os acontecimentos importantes da vida: aniversários, festas de sociedade, casamentos...
Ainda sinto remorsos por não ter-lhe pedido que me mostrasse seu caderninho de poesias, que tanta vontade ele tinha de me exibir. Perdoa-me, pequeno poeta de João Pessoa, minha impensada e involuntária crueldade!

