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Rio de Janeiro - RJ | 1958

05. Santa Teresa


23,7 x 31,1 cm |  Litografia aquarelada à mão 
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Você acaba de atravessar o Largo da Carioca, escapando por pouco dos ônibus rugidores que, como monstros cegos, se precipitavam sobre você. Ainda tremendo e guardando a lembrança de seu hálito pestilento, você se acomoda, com um suspiro de alívio, no vagão de um velho bonde que deve ter certamente mais de meio século.

O condutor dá o sinal de partida, e eis você levado, transportado, sacolejando e balançando. Em um instante você domina o Rio. O bonde cruza o viaduto que passa por cima da rua da Lapa. Os telhados da cidade se oferecem ao seu olhar. A humanidade suando e efervescendo se agita sob seus pés.

Relaxado e refrescado por uma leve brisa que vem da baía onde o mar cintila tendo ao fundo montanhas enevoadas, você se volta para seus companheiros de viagem. Um velho casal claramente britânico avizinhado de uma majestosa negra. Jovens esportivos lado a lado com damas de cabelos brancos vestidas muito estritamente. Aguce a audição, fala-se alemão, francês, inglês, italiano, e até português...

O bonde sobe pela ladeira. A barulheira do Rio vai diminuindo. O ar é mais leve. Passamos entre velhas casas baixas e soberbos palácios escondidos no meio de um verde exuberante. O bonde acorda com seus rangidos as pequenas ruas provincianas.

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