Santos - SP | 1958
18. Loucuras de Carnaval
21,7 x 20,6 cm | Litografia aquarelada à mão
E o carnaval? Doença contagiosa. Apesar disso, eu escapei dela no primeiro ano de nossa vida brasileira. Eu olhava sem compreender, surpreso e com certo ar superior, essas pessoas que se requebravam em cadência, repetindo incansavelmente os mesmos agitados refrãos.
Mas no ano seguinte, um amigo nos levou quase à força em seu carro aberto. Nesses tempos distantes, no Brasil, só havia automóveis sem capota, por causa do Corso de Carnaval¹. E eis-nos embarcados no Corso.
Não sei se a incubação durou alguns minutos ou algumas horas, mas me lembro que voltamos bem tarde para casa, cantarolando a canção da moda daquele ano, um pouco embriagados por ter respirado o ar carregado de éter dos lança-perfumes e os braços cansados por ter jogado, por horas a fio, serpentina e confete nas beldades morenas e loiras, mocinhas florescidas sobre as capotas dos carros que nos rodeavam.
E eu me surpreendi a esperar impacientemente pela chegada do dia seguinte para poder entrar novamente na folia. Fui pego pelo micróbio do Carnaval.
1. Desfile festivo de automóveis decorados, com pessoas fantasiadas.

