Santos - SP | 1958
08. Carregamento de café
22,4 x 19,3 cm | Litografia aquarelada à mão
Santos, é o café. Os antigos edifícios da época colonial transbordam de sacas de café, os depósitos estão cheios de café e respiramos em todos os lugares esse cheiro de café verde, cheiro de poeira das terras vermelhas das fazendas, cheiro das sacas, cheiro quente. É o cheiro de Santos, contaminado agora pela fumaça dos caminhões a diesel.
Quando morávamos em Santos, há mais de vinte anos, ainda era em carroças que transportávamos o café, pequenas carroças de duas rodas puxadas por um burro, ou outras de quatro rodas com dupla atrelagem. Assim que um navio chegava ao porto, era uma alegre procissão dessas charretes, pintadas de cores vivas, que, a largos trotes, se dirigiam para os cais, acompanhadas pela fanfarra dos guizos e do estalido dos chicotes que agitavam os condutores, sólidos portugueses bigodudos, cobertos por enormes chapéus de palha e cingidos com aventais de juta. Rédeas na mão, pernas afastadas, eles se mantinham de pé à frente das charretes, eretos e orgulhosos como condutores de bigas romanas.

